terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Belo Monte deveria ser privada, mas não foi. Então, serei contra a sua construção?

Belo Monte deveria ser uma obra totalmente privada, mas tal não é o cenário. Serei contra só por isto?


Por Klauber Cristofen Pires



Alguns leitores bem afinados com a doutrina liberal austríaca têm estranhado o apoio que tenho prestado à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e à reação dos estudantes contra o vídeo produzido pelo movimento ambientalista Gota'Dágua, com a participação de vários atores e atrizes globais, e que extrapolou a internet ao ser publicado pela revista Veja, em cobertura que reputei como histórica. 



O que tenho a dizer sobre isto? Bom, para começar, já escrevi diversas vezes a respeito de Belo Monte sob uma perspectiva liberal austríaca. Vejam:


Portanto, só pode considerar a cobertura que tenho dado ao problema como apaixonada quem nunca leu ou entendeu meus textos. 

O certo - ou o ideal - para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte é que ela fosse não somente totalmente privada, mas um fruto da iniciativa privada, o que significaria que até mesmo a aquisição do terreno seria resultante de compra por parte dos proprietários originais. Assim, ninguém teria o que reclamar. Não haveria algo como um "Movimento dos Atingidos por Barragens", nem índios reclamando na justiça, fechando estradas e sequestrando pessoas inocentes. 

Entretanto, não vivemos em um cenário ideal. Na realidade em que estamos, a solução liberal não é uma opção disponível. Resta-nos, pois, analisar os fatos segundo os cenários reais. E não há nada de apaixonado nisto. 

A verdade é que nenhuma empresa privada quis participar da licitação, porque as exigências e previsões de interferência estatal sempre foram absolutamente desfavoráveis. Além disso, o vencedor teria que lidar eternamente com lides judiciais e manifestações agressivas de movimentos sociais, com o Ministério Público, o Ibama, o Incra, a Funai e o Ministério do Trabalho e as milhares de ONG's que infestam a Amazônia. 

Participaram então dois consórcios de empresas que foram montadas artificialmente pelo governo  para passar a impressão de que houve um sucesso na parceria público-privada, mas a verdade é que a participação de empresas inteiramente privadas não ultrapassava 12,75% em nenhum dos dois grupos, e mesmo assim, estas empresas foram, digamos assim, "convocadas" a participar, por conta de serem empreiteiras que dependem do governo para outros contratos. 

Assim, sendo, o empreendimento na verdade é quase que absolutamente público, e como tenho dito, o preço nominal da obra ainda vai triplicar, por conta de termos aditivos que virão oportunamente, sob toda sorte de alegativas, e com base nisso, também os preços finais ao consumidor. 

Ainda assim, afirmo: Belo Monte é uma necessidade para ontem! No frigir dos ovos, prefiro o dinheiro público investido em Belo Monte do que gasto em aviões presidenciais luxuosos, em garrafas de Romanée Conti e lençóis de algodão egípcio; prefiro Belo Monte do que dezenas de milhares de cargos de confiança servindo como previdência social de petistas preteridos nas urnas; prefiro Belo Monte do que o trem-bala, e as obras para a construção das obras para a Copa e as Olimpíadas; Prefiro Belo Monte ao bolsa-família, ao segundo-tempo, aos programas de preços mínimos para a agricultura e para o extrativismo, bem como aos seguros-defeso; prefiro Belo Monte à premiação milionária de terroristas de antanho; Caramba, prefiro Belo Monte a tudo isto que está aí...!

Afirmo sem medo de errar e desapaixonadamente: todos os dias falta luz em Belém! As pessoas não se dão conta disso porque vigora um sistema de rodízios na gestão da distribuição, de modo que nos momentos de pico de demanda hoje se apaga um bairro, amanhã outro, e assim por diante. A Vale já desistiu de construir uma planta adicional de beneficiamento de alumínio por conta da escassez e do preço da nossa energia elétrica, que é uma das mais caras do país - e de péssima qualidade.

Outrossim, as indenizações e os cuidados com as remoções provavelmente já tem sido até mesmo maiores  do que seriam se fossem comprados em um regime integralmente contratual, de modo que objeções deste tipo não merecem prosperar. A hora agora é construir. Já se vão pelo menos trinta anos nesta novela!

Por fim, e o mais importante, é salientar que o que os estudantes fizeram foi desmascarar um grupo de artistas reunidos em uma rede de sabotagem política, claramente amparada por um projeto ideológico de poder. Ignorar esta suprema verdade é que é pensar e agir com a inocência dos tolos. 

Tais são os motivos pelos quais apoio a construção da Usina de Belo Monte e a reação dos estudantes, que afinal, são gente nossa!

Sds

Klauber Cristofen Pires

Um comentário:

  1. Caro Klauber,

    Eu prefiro uma termoelétrica movida a lenha da floresta amazônica, extraída num sistema de manejo pela iniciativa privada.
    Asssim como os irlandeses usam eletricidade obtida da queima de turfa.
    Caramba, fomos tão impregnados pelos vícios de pensamwento unânime que esquecemos que:
    - A floresta amazônica não é uma deidade sagrada, intocável.
    - Geração de eletricidade é um ótimo negócio, quando não existem gigantescas baleias estatais feito Itaipu ou Belo Monte.
    Desculpe, eu sei que isso é uma heresia atroz aos ouvidos atuais, mas é a minha opnião.

    Abraços.

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