sexta-feira, 23 de março de 2012

Recordações de tempos mais livres

Se os cigarrinhos PAN ainda existissem, a Anvisa os teria proibido!
Por Klauber Cristofen Pires
Prezados leitores,
Vocês devem se lembrar de uma recente resolução da Anvisa de proibir a comercialização em território nacional de cigarros com aroma e sabor.
Só para reforçar: não foram encontrados quaisquer vestígios de adição de novas substâncias que fossem consideradas cancerígenas, tóxicas ou patogênicas, isto é, além das que os cigarros já costumam conter. A decisão foi tomada tão somente quanto ao aroma e ao sabor, de tal forma que os diretores daquele órgão entenderam que o seu poder atrativo estimularia o tabagismo pelos mais jovens.
Em minha opinião, trata-se de decisão eivada de abuso de poder e portanto, inconstitucional, pois a Anvisa é um órgão criado para proceder à vigilância sanitária, e não para especular sobre as preferências dos consumidores com base em considerações de conveniência e oportunidade. Se o cigarro é um produto lícito, livre deve ser a sua produção e comercialização. Para quem quiser saber mais a respeito, sugiro ler o meu artigo “Anvisa- Agência Nacional-Socialista de Intervenção no Sabor Alheio
Pois é...! Sabem do que isto me fez lembrar? Dos cigarrinhos PAN!
Puxa vida! Fumei um bom tanto de cigarrinhos PAN. Mais sabor e aroma do que um cigarro de chocolate, quem pode imaginar? No entanto, para frustração dos sociólogos politicamente corretos e demais teóricos da engenharia comportamental, não me tornei um fumante dos cigarros de tabaco. (Mas, e se eu tivesse me tornado um fumante, de quem seria a conta, senão somente minha?). Se os cigarrinhos PAN ainda existissem, eu apostaria que a Anvisa iria meter seu pitaco na brincadeira da garotada.
Esperem, que cometi ainda outros delitos na vida: viajei no buraco de trás do fusca! Eu sei, é difícil de acreditar, mas houve um tempo em que não só eu cabia lá mas também compartilhava aquele divertido espaço com mais um priminho, ambos felizes em meio à napa quente rumo à praia.
Mas não acabam aí minhas aventuras: confesso que “matei” muitos nazistas e bandidos com meu “Super-tiro” uma espingarda de pressão que atirava pequeninas petecas de plástico, e com meu revólver de ferro com empunhadura feita de imitação de madrepérola, que espocava umas espoletas feitas sabem de quê? De pólvora de verdade!
Bom, verdade seja dita, vez ou outra eu é que tinha que estar no time dos nazis e dos meliantes...Ahh, se naqueles tempos eu tivesse matado uns comunistas...quem sabe o Brasil seria melhor hoje, não?
Se tanto não basta, aí vai mais uma: eu aprendi a beber desde jovem! Com 12 ou 13 anos eu já sabia o que era uma cerveja, um vinho e até um conhaque. No sul do Brasil, as crianças italianas desde cedo aprendem a beber vinho, e as alemãs, cerveja. Bem na frente dos pais! No entanto, você pode ir sossegado a um baile ou uma festa nessas comunidades que ninguém vai arranjar briga ou abusar das mulheres por estar de porre. Quem faz isto, não pra variar, é o povinho brazuca cucaracha mesmo que já se dirige a tais eventos com más intenções e bebe para criar coragem.
Eu vivi uma vida mais livre na minha infância, e naquele tempo havia menos câncer, menos crimes, e menos acidentes. Ao contrário das previsões neuróticas dos sedizentes especialistas que pululam em volta de nossas cabeças hoje em dia, tornei-me um pai de família, trabalhador e pagador de impostos. Não fumo (fumaria, se quisesse) e bebo socialmente. Infelizmente, não tenho mais como caber no buraco de trás do Fusca e ahh, acho que pagaria um bom preço a quem tiver um Super-tiro em boas condições e que esteja disposto a vendê-lo... 


3 comentários:

  1. Que texto formidável, mas ao terminar estava quase chorando...Bons tempos de cigarrinhos Pan, "polícia e ladrão" c/ espoleta e viajar no buraco do fusca então!! A vida infantil está ficando feia, sem graça e isolada de emoções verdadeiras.

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  2. Na verdade, os cigarrinhos da Pan se anteciparam nos momentos politicamente corretos e se tornaram lápis de chocolate!

    Mas não sei se a empresa e os chocolates ainda existem, mas também me lembro deles...

    Pelo menos com um menino pretinho e o outro mais clarinho na foto, eles não precisaram entrar nessa coisa de cotas...

    http://docedocinhos.com/wp-content/uploads/2011/08/lapis-de-chocolate-pam.jpg

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