Resistir sem temor
Por Armando Soares
Destaco no artigo de hoje, dia
01.12.2016, outro artigo de Percival Puggina, intitulado “O Suicídio de um Parlamento”,
que retrata a ação de parlamentares que desonram o poder legislativo e que põe
em risco a governabilidade do país.
O artigo
de Puggina: “Na madrugada desta quarta-feira, 30 de novembro, o Parlamento
brasileiro suicidou-se moralmente num acesso de fúria contra tudo e contra
todos. Do alto de suas gravatas, deputados federais urravam ódio nos
microfones. Eles odiavam seus colegas probos, indignavam-se, numa indignação
despida de dignidade, ante bons exemplos. E aplaudiam comparsas. Condutas
íntegras faziam explodir sentimentos primitivos. Nada, porém, trazia mais
espuma à boca e sangue aos olhos do que a atividade de policiais, promotores e
magistrados. Tais funções, um dia, poderiam apontar crimes e sinalizar o rugoso
caminho da cadeia.”
“Que
país é esse - pensava o Parlamento suicida - onde não mais se pode roubar em
paz? Como obter mandato para servir ao povo em nobre atividade sem tomar
dinheiro desse mesmo povo? Que mal atacou nossa gente, outrora dócil e
tolerante, para levá-la às praças clamar contra meus negócios? De onde saiu
essa corruptofobia? Tudo isso pensava e contra tudo isso vociferava o
Parlamento enquanto o elevador da arrogância ascendia ao topo das torres
gêmeas. E, dali, a queda livre até o solo.”
“Não se
diga que o finado ainda emite sinais vitais. Com efeito, coração bate, pulmões
respiram, aparelho digestivo digere. Mas está morto. Morto como um peso morto.
É um traste, esse suicida moral. Nós assistimos tudo! Como não atestar, então,
seu óbito? O Antagonista resume assim, no rescaldo da madrugada:”
• crime de responsabilidade para juízes e procuradores,
• prisão por desrespeito às prerrogativas dos advogados,
• criminosos não terão de devolver a fortuna acumulada com
propinas,
• tempo de prescrição continuará com réu foragido,
• partidos não poderão ser punidos pelo roubo.
“Estas medidas, que favorecem a
Frente Parlamentar da Corrupção, ou Orcrim, no relato de O Antagonista, foram
aprovadas pelos partidos com estas proporções:”
·
PCdoB
100% pró-ORCRIM.
• PT: 98% pró-ORCRIM.
• PRB: 95% pró-ORCRIM.
• PDT: 87,5% pró-ORCRIM.
• PR: 83% pró-ORCRIM.
• PMDB: 82% pró-ORCRIM.
• PP: 81% pró-ORCRIM.
• DEM: 71% pró-ORCRIM.
• PSD: 61% pró-ORCRIM.
• PSB: 57% pró-ORCRIM.
• PSDB: 24% pró-ORCRIM.
“Domingo, dia 4 de dezembro,
estaremos nas avenidas e praças do Brasil como testemunhas do que aconteceu e
protagonistas dos princípios e valores que em algum momento, ali adiante,
haverão de prevalecer. Há que cumprir o dever moral da persistência! Covardes e
inúteis seremos se jogarmos a tolha ante cadáveres morais.”
(Percival Puggina (71), membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar.)
A Câmara de Deputados, na madrugada
de 30 de novembro, em sua maioria temendo serem atingidos pela “Operação Lava
Jato” deram uma demonstração de que pretendem oficializar o roubo dos cofres
públicos, através de lei que autoriza o roubo. Esse ato de desespero demonstra
uma culpa para fugir do crime de prevaricação. Um mea-culpa, um reconhecimento
da culpa em público realizado através de uma instituição que representa na sua
essência o povo brasileiro. Essa ação criminosa dos deputados realizada na
calada da noite prova a temeridade, a ousadia de indivíduos sem escrúpulos que
enganaram os eleitores brasileiros para adquirirem mandatos com objetivo de
enriquecerem com dinheiro público, dinheiro do seu eleitor. Esse cenário, por
si só, mostra o grave momento institucional que o Brasil atravessa tudo por
exclusiva responsabilidade de políticos e governantes sem a mínima condição de
representarem os brasileiros numa república federativa.
A que momento chegou o Brasil!
Economia destruída, saúde destruída, educação destruída, povo exposto à sanha
de bandidos e assassinos, justiça ineficiente e causadora prejuízos
irrecuperáveis, transportes públicos sucateados e perigosos, política e
políticos marginais, governos estaduais e municípios falidos mal administrados
e inchados de servidores, sem recursos para a infraestrutura. Um cenário que
requer um tratamento tipo “esforço de guerra”, mas que está se desgastando, se
consumindo ainda mais para atender interesses de uma classe política sem
escrúpulos e destituídas de qualquer valor moral. O episódio de 30 de novembro
ocorrido na Câmara dos Deputados prova que o Brasil se transformou numa
republiqueta vagabunda administrada por políticos de baixo nível e com uma
justiça impregnada por juízes fracos e comprometidos com interesses políticos
caseiros. O cenário brasileiro é de um país com instituições fechadas em redor
de si mesmo e cercado por mais de 200 milhões de brasileiros submetidos a
governos estaduais e municipais mal administrados e roubados, e por isso,
falidos ou vendidos a estrangeiros através de uma política ambiental comandada
de fora para dentro. A esperar por uma recuperação do país com esse pessoal e
com esse cenário é esperar por um milagre impossível de acontecer. O Brasil só
sairá da crise se o povo quiser e sair da sua comodidade e se convencer que tem
que trocar seus governantes e limpar o congresso Nacional dos ratos que lá
habitam. Não há outro caminho.
Não esqueçamos que o roubo no Brasil
é histórico e que não se altera esse cenário senão com muita firmeza e esforço.
Quanto mais demorar o saneamento político e administrativo brasileiro, maior
será o risco de o brasileiro ver os seus valores morais desaparecerem provocando
uma descida ao submundo.
No momento brasileiro cabe o discurso
do presidente ABRAHAM LINCOLN,
realizado em 19 de Novembro de 1863.
Há 87 anos, nossos pais deram origem neste
continente a uma nova Nação, concebida na Liberdade e consagrada ao princípio
de que todos os homens nascem iguais.
Encontramo-nos atualmente empenhados
em uma grande guerra civil, pondo à prova se essa Nação, ou qualquer outra
assim concebida e consagrada, poderá perdurar. Eis-nos em um grande campo de
batalha dessa guerra. Eis-nos reunidos para dedicar uma parte desse campo ao
derradeiro repouso daqueles que, aqui, deram suas vidas para que essa Nação
possa sobreviver. É perfeitamente conveniente e justo que o façamos.
Todavia, em uma visão mais ampla, não
podemos dedicar, não podemos consagrar, não podemos santificar este local. Os
valentes homens, vivos e mortos, que aqui combateram já o consagraram, muito
além do que nós jamais poderíamos acrescentar ou diminuir com os nossos fracos
poderes.
O mundo muito pouco atentará, e muito
pouco recordará o que aqui dissermos, mas não poderá jamais esquecer o que eles
aqui fizeram.
Cumpre-nos, antes, a nós, os vivos,
dedicarmo-nos hoje à obra inacabada até este ponto tão notavelmente adiantada
pelos que aqui combateram. Antes, cumpre-nos a nós, os presentes, dedicarmo-nos
à importante tarefa que temos pela frente – que estes mortos veneráveis nos inspirem
a uma maior devoção à causa pela qual deram a última medida transbordante de
devoção – que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que esses homens
não morreram em vão, que esta Nação, com a graça de Deus, renasça na liberdade,
e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desapareça da face da
Terra.
Armando Soares – economista
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