Processo evolutivo
civilizacional
Por Armando Soares
A
reflexão que motivou este artigo é decorrência do atual cenário político,
social, econômico e institucional brasileiro, de uma ameaça de guerra nuclear
mundial, da fome e miséria que cresce geometricamente no mundo, do ódio que se
instalou e matou a religião e animalizou ainda mais o ser humano, do cinismo,
da mentira, do desamor e estupidez que alimentam as mentes cada vez em maior
escala.
A civilização humana evoluiu de forma
lenta e sofrida, o que prova que o aprendizado nunca é definitivo e a evolução
do homem, em relação ao tempo, se dá em longo prazo, em séculos. O registro do
processo civilizatório mostra um número limitado de pessoas que alcançaram
desenvolvimento intelectual e civilidade. Em razão disso, de geração a geração
repete-se os mesmos erros, anomalia que funciona como um freio ao processo
civilizatório desejado. Se os erros e acertos de cada geração pudessem ser
transmitidos com fidelidade e clareza, o mundo estaria bem melhor, com menos ou
quase nenhuma guerra, assassinato, ódio, revolução, pobreza e ignorância.
Se
levado em consideração no tempo a presença do homem na Terra, a evolução da
civilização foi pífia e muito pequena. Os permanentes erros e vícios repetidos do
ser humano faz com que se valorize a sabedoria dos sábios filósofos e
religiosos que explicam as causas dos obstáculos ao progresso da humanidade. O
ser humano é prisioneiro de suas próprias percepções; percepções deformadas que
resulta na ignorância. Para os espíritas só uma nova vida pode dar oportunidade
para a evolução do ser humano, o que explicaria o lento processo evolutivo. O
homem custa a se despojar dos seus maus instintos.
Vamos
dar um voo histórico a 2.000 anos atrás e descer em Roma, viagem que se torna
necessária para entendermos melhor essa questão e podermos melhor avaliar questão
dos erros humanos.
É uma
agonia se observar a criminalidade, os políticos poderosos e covardes, o Senado
venal e detestável, os tribunos do povo que traíram o povo, o vício, a lascívia
e a crueldade daqueles que governam, o luxo que corrompia e era corrupto, a
morte de toda a honra na vida pública, o paternalismo, a opressão. Este cenário
é brasileiro? Não. É de Roma descrito por um advogado há 2000 anos atrás. O ser
humano, a sociedade e o governo pouco mudaram nesse tempo. E por quê? Porque as
gerações não transmitiram até os nossos dias, de geração a geração, os erros e
os avanços dos seres humanos e de suas civilizações, o que causa um vazio entre
sucessivas gerações enterrando a memória histórica que deveria ser transferida
por famílias, e não apenas por livros que podem ser destruídos a qualquer
momento, daí o grande interesse de se destruir bibliotecas inteiras e proibir a
leitura de livros repetidas vezes por ditadores e religiões, como é o caso da
Inquisição. Como se vê é o próprio ser humano que provoca a lenta evolução da
humanidade.
Nesse mundo instável e de lenta
evolução preocupa-nos especialmente o ingresso de jovens nesse mundo. De onde
estão recebendo o conhecimento? Qual o caminho que tomarão? Vão fugir do mundo ou o
desafiarão? Acima de tudo, o que fará esse mundo aos seus espíritos, no período
de emancipação? Fará os seus espíritos tornar-se turvos e toldados, cheio de
detritos de suas imaginações perversas? Maculará seus espíritos com suas
mentiras e maldades? Os tornará adúlteros, ladrões, desavergonhados, ateus,
brutais, injustos, falsos e traidores? Lembrem-se de que o conhecimento não
deve ser desperdiçado com aqueles que não podem, por sua natureza, convertê-lo
em sabedoria. Lembrem-se ainda, que o verdadeiro homem não se mistura com a
clamorosa ralé comunista baderneira que se apresenta nas ruas, que está
constantemente aclamando e, no momento seguinte, denunciando. Esse tipo de
pessoa nunca pode merecer confiança. Mas, tenham igualmente cuidado com os
homens das instituições, que não merece confiança, quanto os da ralé.
Lembrem-se do que disse Aristóteles: “As repúblicas decaem, tornando-se
democracias e as democracias degeneram no despotismo”. Se encaixa no Brasil de
hoje?
Voltando
ao Brasil. Verifica-se que os erros cometidos desde a construção do país vêm se
repetindo de geração a geração por absoluta falta de memória histórica pela
grande maioria da população brasileira. Em 517 anos de vida de Brasil, os
brasileiros ainda não sabem o que querem. Nesse período, existiram 5 a 6
gerações, com erros e acertos, mas nunca se realizou um balanço do processo
civilizatório para orientar ou deixar o povo escolher sua caminhada para o
futuro.
No
Brasil quem confia numa justiça desinteressada, confia numa coisa que não
existe. Na história do homem nunca houve uma justiça desinteressada, por isso
ela é cega. Os romanos, com justa razão, afirmavam que a lei é uma prostituta;
sorri para os que têm a carteira mais recheada. Em 2000 anos isso não mudou, ao
contrário se tornou mais evidente. Por isso não se quer realizar a reforma
trabalhista e da Previdência Social ou qualquer outra reforma. O Brasil que se
dane, o importante é que a sua clientela continue a viver mamando em suas
tetas.
Se
os seres humanos não fossem por natureza assassinos, ladrões, adúlteros,
mentirosos, invejosos, blasfemos e traidores, não haveria necessidade de Moisés
receber os Mandamentos. A obediência aos Mandamentos e à religião de um modo
geral se dá na grande maioria do povo por medo e não por alguma boa tendência
em seus corações. Tire-se a superstição e religião, então o caos será uma
realidade, o que aliás já está ocorrendo em pequena escala no Brasil, graças ao
comunismo, ao socialismo e a desintegração da família provocada por esses
ideais malignos.
A
crise econômica, institucional, social e política brasileira e a ação do Juiz
Moro estão servindo para que a sociedade brasileira possa ter conhecimento do
que se passa na alcova da justiça. Agora o brasileiro conhece melhor os
advogados, juízes, políticos e governantes e seus gestos teatrais e falsos, e
sabe que é a afetação e a arte teatral que impressionam até mesmo os mais
inteligentes. Sabem agora que um advogado, um político, um juiz e um governante
para ter sucesso e chamar a atenção do povo devem se transformar em atores,
como um ator verdadeiro tem a sensibilidade por seu público. Os homens fazem
leis que sejam convenientes para seus interesses, para si mesmos, e não para o
bem do país, ou seja, as leis se modificam conforme os políticos e os homens
públicos precisem que elas se modifiquem, o que torna a lei uma prostituta. É o
que estamos assistindo no dia-a-dia brasileiro.
Pobre
humanidade!
Armando Soares – economista
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